terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Reconstrução

Tento achar uma maneira de relatar o que seus olhos me contaram outro dia.
Tentar relatar para ti, ó dona de tão belas magias, o quão encantador são seus gestos.
Tento lembrar o que senti ao te conhecer, o que senti ao te tocar, o que sinto ao saber de ti.
Tentar relatar lembranças tão labirínticas parece ser uma espécie de profanação a sua vida sempre mutante.
Mas ainda assim, se ainda estou aqui escrevendo é por que algo tento.
Certamente de tanto tentar me cansarei daqui alguns longos instantes.
E ai, ó reluzente estrela fugaz, terei por fim tantas memórias de ti, e tão desorganizadas na cabeça, que serei capaz de lhe sentir como se de fato estivesse aqui.
Poderei olhar-te nos olhos e ver um velho barco que navega imperturbável em um mar calmo de verão. Poderei verte sonhando nele, te ver relatando aos ventos que a lua é sua, e que chegaras a ela pelo mar, escalando a luz de seu brilhar refletida em alguma parte secreta do oceano.
Poderei sentir sua face repousar sobre pensamentos de carinho, imaginar suas mãos envolventes feito asas que cercam a quem protege e ama.
Poderei verte falar com a simplicidade de quem não sabe que sua voz agrada tanto e é tão delicadamente bela quanto seda ou pluma.
Poderei verte sorrir, admirar como brilha ainda mais do que eu jamais imaginei ser possível. Em seu sorriso eu poderei encontrar sua alegria expressa na mais pura tela de serenidade.
Sua face toda desenha uma sinfonia perfeitamente sintonizada com uma freqüência angelical.
Seu andar tem poesia.
De seu corpo erradia calor e mistério. Es linda, uma espécie de solista dos encantos da terra.
Assim como a um quadro de galerias do centro da cidade, você também dever ser interpretada por sensíveis admiradores. Mas não te imagino presa à parede rondada por uma moldura cara, apenas te vejo livre e bela como es, e como desejo, sempre seja.
Como uma lagoa que tenta se manter transparente para que vejam as raras pedras ali escondidas, você segue mostrando apenas as suas mais belas qualidades. São tantas, que uma pedra não tão bela seria irrelevante se comparada aos seus muitos cristais.
E, numa noite fria e sem luar de Curitiba, consigo verte em cada canto da casa.
O que seria do soar alto da corneta do tempo, se não tivessem pessoas como você provando ao mundo que cada segundo vale a pena...

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