quarta-feira, 21 de julho de 2010

Quarto Livre

Há um quarto em mim que está livre
Não está para alugar ou vender
Apenas está livre

É um espaço vazio onde não guardo sucata
Onde não há uma tv e almofadas no chão
Onde sequer há um tapete

Há nele um chão duro de cimento
Paredes sem acabamento
E janelas velhas que já não abrem mais

Confesso que não é muito confortável
É frio em dias de frio e quente em dias de calor
O sol nunca ilumina seu interior, ainda assim tem algo de luz

É a habitação mais bela da minha casa
Não é muito
É até bem pouco

O quarto parece estar caindo aos pedaços
Parece feio ao meu ver
Mas é o melhor que posso oferecer

Se não fui bem na construção e acabamento
Se não iluminei de fora pra dentro
Ao menos fui bem na localização
No centro da casa, no centro do coração

A casa em si não é tão simples
Tem mil decorações
Mas a ti que amo, não quero mostrar essas futilidades
Quero oferecer apenas o meu modesto quarto inacabado.

Pois ali onde nada há, tudo passa a ser nada.
E o que antes nada parecia, passa a ser tudo.
Ali no meu quarto de paredes cruas
É onde eu sou eu
E onde você pode ser você.
E onde nós poderemos ser eu e você.

Simples assim.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dos confins do universo – De planetas a pessoas.

- Uma nova tecnologia em satélites promete permitir ver mais sobre toda a criação do universo, ter noção de sua idade e inclusive tentar calcular sua real extensão.
- Essa e outras criações da ciência terráquea são fantásticas e certamente descobrirão coisas interessantes sobre todo o cosmo. Porem essas pesquisas cientificas de ponta vem cometendo um erro tão antigo na mente humana que alguns acham burrice tal pensamento persistir e outros dizem que uma idéia tão antiga só pode estar correta. É a tese meio cega de que “nós” (nossa galáxia e as galáxias próximas que nada mais são para eles do que resíduos da Via Láctea) somos o centro de todo o universo. Essa idéia limitada é tão danosa à ciência terráquea e está tão enraizada nas teorias cientificas, que para a ciência, o universo acaba no ponto em que perdem valor as leis da física, sobre as quais se assenta todo o conhecimento humano. Estranho perceber cientistas que brigam a tempos para tentar provar a não existência de Deus, travarem suas pesquisas apenas nos limites do conhecimento obtido até agora. Essa idéia é no mínimo contraditória, ou seja, eles criaram seu próprio e limitado Deus e alem dele nada mais tem valor. Bem vindos todos a Era do caolho que é rei em terra de cegos.
- Por que o infinitamente pequeno e o infinitamente grande guardam os mesmos segredos, existe também um superacelerador de partícula LHC com a mesma missão de encontrar vestígios sobre a origem do universo.
- Da mesma maneira como os cientistas não querem enxergar nada alem do que é possível compreender com os limitados conhecimentos atuais, o ser humano no seu conhecimento íntimo também não deposita valores em situações, desafios ou pessoas em que suas leis pessoais não se apliquem. Cada um constrói para si um universo particular onde seus astros, estrelas e planetas são depositados cuidadosamente mais ou menos perto do sol, de acordo com o valor que determinada ação, pessoa ou função irradia nos variados momentos da vida. Ao contrario do que se possa imaginar o sol a que me refiro não é exatamente a pessoa em si. Mas sim aquilo que determinada pessoa coloca como sendo seu tesouro ou necessidade. È também um conjunto de todas as supostas utopias que este ser humano criou, entre elas a necessidade vital de ter uma pessoa para amar e mostrar a todos que não se esta só, uma alta posição de poder - seja ela em cargos empresariais ou em hierarquias familiares - ou até mesmo o simples desejo de ter algo que não se possui e não se pode possuir entre uma infinidade de coisas que os seres humanos podem desejar.
- Apesar destes limites que a ciência colocou a si mesma ela continua evoluindo e isso a passos largos. Mesmo um ingênuo no assunto como eu, pode imaginar que neste momento estão descobrindo coisas tão impressionantes que eu precisaria de umas dez faculdades para apenas saber do que se trata. A lastima desta comparação é que ao contrario da ciência e tecnologia a moral humana evolui num ritmo mais lento e para os mais pessimistas ela parece estar estagnada. Talvez isso se deva ao fato de que a ciência apesar de limitada, esta sempre tentando ver um pouquinho mais alem, e no novo que vê, tenta discretamente compreender. Já a moral humana raramente vê com interesse benigno o que se passa na janela do vizinho e se vê, apenas registra a imagem e a descarta após um tempo. Quem sabe um dia tenhamos o cuidado de ver o que se passa em locais em que nossas leis pareçam não ter nenhum efeito, onde para nós tudo é escuro e desconhecido, onde atualmente não há valor e, após identificarmos alguma semelhança entre esses lugares ocultos e nós mesmos possamos não só estudar esses lugares ou pessoas mas também amá-los e fazer assim com que nosso sol cresça e possa iluminar e aquecer mais corações ou constelações neste e em todos os universos dos quais se quer temos noção da existência.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

o tempo e eu

- Inspiração tem que combinar com silencio e meditação. Não adianta fugir desta lógica. Ainda que sejamos necessitados do caos e das experiências mundanas para acumular conteúdo é só num recanto calmo que elas podem ser organizadas e devidamente usadas. Recanto esse, que pode ser qualquer habilitação de uma casa ou num lindo bosque.
- A criação de um ambiente de paz é variável. Não só pessoas diferentes se sentem bem em diferentes lugares, como diferentes necessidades precisam também de diferentes lugares.
- Eu sinceramente gosto de tentar criar um bom ambiente em quase todo lugar em que me encontro. Tanto tento isso que já criei até um ritual de invocação da inspiração. É bem simples; basta um computador, uma musica (decidida no impulso) e fones de ouvido. Pronto! Em poucos minutos estarei tão longe de tudo e de todos que quase serei capaz de encontrar e organizar minhas questões pessoais. Tudo seria sempre simples assim não fosse as amarras que saem dos meus pulsos em direção aos ponteiros do mundo, em direção ao tempo, ou, melhor dizendo a falta de tempo.
- Mesmo agora, que estou no meu templo de paz (pc+Musica+fones), minha mente se divide entre vasculhar os cantos empoeirados da minha imaginação e cuidar dos meus limites de tempo. E ainda que eu insista em me rebelar contra os cadeados temporais que limitam minha liberdade, certamente algo no mundo (um cometa, uma bomba atômica ou pior ainda, minha consciência) me obrigara a voltar com um sorriso forçado a minhas tarefas rotineiras.
- Ficarei contente no dia em que não precisar mentir para as cornetas do tempo, para poder ser eu mesmo. Contente, mas não feliz, afinal de contas sou condicionado a ter indisponibilidade de tempo. Se eu puder fazer tudo o que queira e na hora que eu queira, que importância eu ou minhas ações terão na minha vida?
- Parece que não há como se livrar dos sinos que tocam de hora em hora e se sentir completo. Mas ao menos eu posso tentar não olhar para o relógio e pensar apenas na hora em que poderei ir embora do trabalho. Quem sabe se eu andar junto com o “tempo” eu possa até fazer algo grande, quem sabe eu possa até ser mais rápido do que ele... Quem sabe eu possa superar de alguma maneira todo esse tic tac e me tornar um herói!
- Um herói do meu tempo.