terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Aos segredos que não vejo.

Eu sempre tento me ver por outros olhos.
Crio personagens, cenas, lugares.
É como se com isso minha vida parecesse mais interessante.
É como se, de fato, ela tivesse algum sentido.

Como se nela tivesse algum silencio.
Alguma paz ou aconchego verdadeiro.
Eu sempre tento me ver por outros olhos.
Já que os meus não me vem como eu me vejo.

Os olhos.
Sempre os olhos.
Sempre o brilho único de cada par de olhos.
Sempre os segredos que eles escondem.

Cada olhar que vejo durante o dia me conta uma centena de coisas.
Mas em poucos á uma centelha de luz.
E dentre esses pares que passeiam perdidos nas ruas.
Encontram-se os meus.
Neles, o maior segredo da minha vida,
Muito bem guardado.
Sábio, foi aquele que escondeu nos meus olhos,
Aquilo que eu procuro por toda essa vida.

Há pois, uma esperança já revelada e novamente escondida ou sobreposta.
Há, nesses meus pensamentos filtrados através dos muitos olhares em que me vi refletido,
Uma verdade que se mistura as minhas historias fantasiosas.
Eu digo que é uma esperança. Mas também digo que é uma espera sem ação.
Um viver pouco a pouco,
Enquanto se morre pouco a pouco.
Em nuvens de sonhos que se sobrepõem,
Que nublam o sol,
E que às vezes se dissolvem em lagrimas salgadas para cair, se ajuntando a tantas outras em um lago estagnado.
Por traz de todo esse quadro,
Atrás da lua e do sol,
E tão inacessível quanto à verdade do universo.
Lá distantes, vendo tudo,
Estão meus olhos.

Que almejam quietos não ver mais o universo,
O mundo,
A cidade,
Você.
E caem em um lamento eterno de desejarem apenas serem vistos.
Compreendidos.
E quem sabe. Se for permitido.
Serem amados.



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