domingo, 14 de dezembro de 2008

Lascas

No mover do sangue no peito,
No lado de dentro.
Algo tenta passar a mensagem.
Alego!
Alguma coisa ainda quente tenta passar a mensagem.

Já não há um elo direto com a mente.
Foi cortado por uma navalha de ganância, de conquistas e de poderes.

Mas ali. Ali no peito, feito feto preso em uma bolsa de ossos.

Eis o que insiste em não ser corrompido.
Ali.
Preso e imóvel.
Aquele que segue tentado.
Aquele que abriga em sua tenda uma batalha cega contra a razão.
Ali.
Fruto claro de fato puro.
O coração.

Tenta passar a sua mensagem,
Em um desespero sufocante e cortante.
Em uma cortante lasca lascada de sua prisão óssea,
Cortes sem precisão, trêmulos, arranhados com pouca força.
Linha após linha desde dentro para fora em um amargo ferimento na carne.
Um resultado colorido pelo vermelho sangue decorrente do correr da lasca.
Ali toda a força expressa em uma só palavra.
Carente de energia o coração desfalece e se deixa deitar em seu sarcófago.

E em seu epitáfio de carne e sangue.
Apenas uma palavra.
Apenas.
Amor.

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